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Certas provocações ficam guardadas na memória para serem resgatadas em momentos estratégicos da carreira. Nos últimos meses, tenho me lembrado constantemente de uma conversa desse tipo que tive com o Roberto Ferrarini e que, recentemente, me inspirou a liderar um projeto na EUROIMMUN Brasil do qual eu me orgulho: a expansão da nossa produção nacional para os kits diagnósticos de dosagem hormonal, que até então eram importados da Alemanha para o mercado brasileiro.
Roberto, que na época era o country head da Siemens, empresa na qual eu trabalhava como gerente de produto de bioquímicos em 2008, sempre foi um líder que conseguia enxergar além do que estávamos entregando para estimular nosso foco e habilidades. E, naquele ano, ele me desafiou: “Marcos, você deveria estar convencendo a matriz de que a gente precisa ter uma produção local de bioquímica. Isso é uma responsabilidade sua, como brasileiro.”
Naquele dia, deixei a sala dele contrariado, afinal, minha expectativa ali era receber um feedback positivo para os números de vendas que apresentava e não ganhar a incumbência patriótica de trazer a produção de kits diagnósticos para cá. O mercado de IVD nacional até então sempre havia importado seus testes diagnósticos de outros países e não havia razão aparente para mudar a forma como os negócios estavam sendo feitos.
Só que durante os 15 anos desde que essa conversa aconteceu, as palavras dele nunca saíram da minha cabeça. Eu simplesmente precisava colocar em prática essa estratégia de provocar a matriz para que apoiassem uma produção local. E foi na EUROIMMUN Brasil que eu encontrei o lugar adequado para isso acontecer.
Por isso, me alegra compartilhar agora que, a partir de julho deste ano, nossa fabricação nacional, que já faz os testes de HEP-2 comercializados nos grandes laboratórios do Brasil, passa a produzir também localmente os kits de dosagem hormonal. Tudo, claro, com o controle dos processos de qualidade de ponta a ponta, sob cuidado de um time local de especialistas sob a coordenação da Natalia Saraiva, coordenadora de Laboratório da EUROIMMUN Brasil, e seguindo as boas práticas de fabricação atestadas pelo ISO 13485 e a pela RDC 665 da Anvisa.
Nossa expectativa inicial é produzir algo em torno de 5 mil kits de dosagem hormonal por mês em um projeto cujo investimento estimado nos próximos cinco anos é de R$ 15 milhões
Produzir nacionalmente kits de medicina diagnóstica significa gerar mais empregos, ao mesmo tempo em que se reduz o custo da produção, já que essa é uma área que sofre diretamente os efeitos do câmbio. E tudo isso resulta em um alívio nos custos globais do mercado e minimização dos riscos de ruptura no abastecimento local.
Outro ponto vantajoso para o Brasil em si é que, uma vez que a matriz entende que nós estamos aptos a produzir kits com alta qualidade, o próximo passo é a aposta na pesquisa & desenvolvimento (P&D) local, para que possamos, junto à EUROIMMUN global, expandir a quantidade de kits do portfólio produzidos no Brasil e elevar a complexidade dessa produção.
Esse é um ciclo que, quando a gente começa, nunca termina; ou, como diz um cara da TV que eu gosto de repetir: “enquanto houver bambu, teremos flechas.”
Lá atrás, quando o Roberto me provocou para essa ideia, eu não tinha a visão da abrangência que ela traria para o nosso País. Hoje, percebo que o projeto consegue gerar impactos financeiros, sociais e, finalmente, na Saúde dos pacientes, pois somos capazes de dar um atendimento mais especializado sobre a qualidade dos testes e o resultado daquilo que estamos liberando.
Ter a oportunidade de fazer projetos como esse me orgulham também como brasileiro.
*Marcos Philippsen é country lead na EUROIMMUN Brasil, empresa de diagnóstico in vitro que une o saber científico, a excelência e o comprometimento com a vida para acelerar os avanços da medicina diagnóstica e, assim, construir uma sociedade mais saudável para todos.
